O amor é vermelho.
O ciúme é verde.
Meus olhos são verdes.
Mas são verdes tão escuros que na
fotografia saem negros.
Meu segredo é ter os olhos verdese ninguém saber.
À extremidade de mim estou eu.
Eu, implorante, eu a que necessita,
a que pede, a que chora, a que se lamenta.
Mas a que canta.
A que diz palavras.
Palavras ao vento? que importa, os ventos
as trazem de novo e eu as possuo.
Eu à beira do vento.
O morro dos ventos
uivantes me chama. Vou, bruxa que sou.
E me transmuto.
Oh, cachorro, cadê tua alma?
está à beira de teu corpo?
Eu estou à beira de meu corpo.
E feneço lentamente.
Que estou eu a dizer? Estou dizendo amor.
E à beira do amor estamos nós..."
Clarice Lispector
ps: Maldito orgulho feminino! Sempre aterrorizando as mulheres das mais frágeis as guerreiras. Orgulho ferido é o ó!